De Paulo Vicente de Azevedo

Tenho aqui uma carta que a vovó recebeu em 1983 de um tal Paulo Vicente de Azevedo. Não sei porque esta carta ficou com a minha mãe, que depois me deu e eu guardei até hoje. A carta é muito interessante e conta um pouco como foram as experiências do nosso avô quando estava trabalhando no interior de SP antes da fundação de Lucélia. Eu não tenho scanner aqui, de forma que vou transcrever a carta abaixo. Ela está escrita a máquina, cheia de erros e correções, e se percebe que foi escrita por uma pessoa idosa. Inclusive, este senhor confunde o nome da vovó como sendo “Silvia”. No mais, tentarei ser o mais fiel possível no formato com que ele escreve.
Luiz Mesquita de Arruda Camargo

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Paulópolis, 8 de fevereiro de 1983
Exma Sra. Dona Silvia Mendes Mesquita.
Desejando antes de tudo, bôa saúde e perfeita paz á Senhora e a todos de sua particular estima, peço desculpas por lhe pedir um depoimento do seu heroico, infelizmente falecido marido, o Dr. Luiz Ferraz de Mesquita. Quando este contratou a medição da Fazenda Balisa, onde a Senhora morou com seus filhos, a Zona era dominada pelo indios Caigangs, os quaes haviam praticado varios morticinios, como aconteceu a Manoel Moreira Alvim e ás pessoas que o acompanhavam, isso aconteceu do lado
nascente da Fazenda São Matheus que ele Alvim e José Antonio de Paiva compraram de José Theodoro de Souza, que a havia registrado no Registro Paroquial de Botucatu, em 1850 – Ao poente ficava Rancharia onde o Dr. Mesquita, em 1918 fez uma bem sucedida lavoura de algodão, enquanto se preparava para enfrentar o Caigangs, durante a medição da Fazenda Balisa. Num do ataques que sofreu, mandou cortar um pedaço de
arvore com flexa espetada, o qual pedaço esteve pregado na parede de seu escritório, á rua Direita, si não me engano. Desse pedaço de arvore restará ao menos uma foto, que, si me fôr emprestada, devolverei com a ampliação que mandarei fazer. Lembro-me bem que adiravamos a coragem daquele admiravel engenheiro, que enfrentou e venceu a fúria dos selvicolas. Será uma prova do que poude fazer um magnifico engenheiro no exercicio da sua nobre profissão. Muito mais tarde, o bahiano Heitor Freire de Carvalho, fez sofrer o Dr. Mesquita, inventando a Adamantina para prejudicar o pioneiro da zona, que, com risco de vida e bens havia enfrentado e vencido as dificuldades que se opunham ao seu trabalho civilisador. É uma pagina que merece ser escrita, para que as geraçóes futuras conheçam o que devemos a quem devemos. Fui visinho de Dr. Luiz Mesquita quando entrei em 1919 em João Ramalho, não mais
encontrando a pericolisade dos indigenas.
Peço as suas presadas ordens ao conterraneo servo e admirador.
Paulo Vicente de Azevedo